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Reprodução/ YouTube

Tirei meu filho da escola durante a pandemia; e agora?

Posso tirar meu filho da escola particular durante a pandemia? Quais são as consequências das crianças sem escolas? Veja reflexões

Por Aline Oliveira, publicado em 30/09/2020 e atualizado hoje.
Recebi algumas perguntas de pais e mães que são as seguintes: Posso tirar meu filho da escola particular durante a pandemia? Tirar o filho da escola durante a pandemia é crime? Posso tirar meu filho de 5 anos da escola? Enfim, tivemos uma enxurrada de dúvidas durante a quarentena. E muitas perguntas ainda persistem. Neste artigo destaco a reflexão da psicanalista Maria Cristina Kupfer, professora da USP. Em entrevista ao jornal Folha de SP, Kupfer analisou a falta que a escola faz para as crianças.

'Há perdas de diversas ordens. Mas as especialmente importante são das relações horizontais, entre pares, de crianças com crianças, no espaço público da escola. Essa convivência é estruturante do ponto de vista subjetivo. Tem a dimensão da cidadania, em que ela aprende desde cedo a lidar, e a dimensão subjetiva. Mas não são perdas irremediáveis, não se comparam a traumas de guerra, ou desnutrição infantil', observou a psicanalista.


Acompanhamos juntos a retomada gradual das escolas. Muitos afirmam que somente em 2021, com a vacina, teremos a 'normalidade' de volta. Mas, em alguns casos de escolas particulares, já há uma retomada gradual. Algumas crianças em menor número e com atividades ao ar livre. Crianças aprendendo sobre uso de máscaras, álcool gel e outros cuidados. Aulas online somadas às aulas presenciais. E por aí vai.

Mas, sem dúvida, essa questão da socialização é muito importante.

'A criança ensina a outra, ajuda a enfrentar questões. É o que aprendo sobre mim quando olho para o amigo, vejo as diferenças. A escola é importante porque ali tem um professor mediando, consciente. Isso faz diferença. O lugar social da infância é a escola, que faz parte da moldura da infância. Ser criança é ir para escola, é um lugar de identificação. Criança que não vai para escola, como um autista, está fora desse mundo social. A identidade da criança está profundamente articulada ao lugar escolar', acrescentou a psicanalista.


Maria Cristina Kupfer é autora do livro Educação para o futuro - psicanálise e educação. E também do livro Arthur - Um Autista no Século XIX. Já escrevi um artigo sobre educação à distância para crianças com autismo. E também sobre homeschooling e home office com filhos em tempos de pandemia.

'O homeschooling é a negação mais radical da infância, da participação da criança no espaço público. É uma volta para o espaço familiar inaceitável. A família não pode dar tudo que uma criança precisa', opinou a psicanalista na entrevista ao jornal.


Outra reflexão interessante que ela faz é sobre o otimismo com o futuro. Como serão os novos hábitos nas escolas no pós-pandemia?

'Sou otimista. Falamos das perdas, mas os ganhos ficam para sempre. Só daqui alguns anos essas crianças vão crescer e contar o que aconteceu no tempo em que as escolas pararam. Houve encontros, não só gritaria, houve adaptação, famílias começaram a se refazer nas relações. Ensinaram o que puderam, entraram nas aulas, observaram, deixaram de lado a loucura da vida, de correr pra lá e pra cá. Tenho certeza que viram coisas que não viam antes (...) As crianças veem o mundo sacudindo e o que fazem? Olham para os pais. Se estiverem bem, ficarão bem'.


Reflexões finais

Achei bem interessante as opiniões levantadas pela psicanalista. Realmente, a presença física na escola faz muita falta. A socialização das crianças. Porém, essa é a realidade que temos para hoje: aulas online e aulas virtuais. Precisamos nos adaptar. Desta forma também há aprendizado, explorando a casa do amigo que não era vista antes; explorando a rotina da família que não era vista antes. Então, há formas diferentes de aprendizado. Não deixamos de aprender. Simplesmente, mudamos a forma de aprender.

Também sou otimista sobre o futuro. E estou confiante de que em 2021 teremos a vacina e a retomada das crianças às escolas. Mas sempre com um passo de cada vez. E com muita cautela. Dar muitos passos de uma só vez, agora, pode significar passos para trás amanhã. Este artigo é uma homenagem às escolas e aos educadores. Jamais vamos desistir. E seremos sempre otimistas. A escola, a educação, o professor, o aluno, os pais. Todos nós estamos nos transformando e nos adaptando com essa avalanche de mudanças.

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Publicado Por Aline Oliveira
Formada em Pedagogia, Aline Oliveira atua como professora do ensino fundamental desde 2002. Da experiência da maternidade nasceu a paixão por escrever para mães. 'Paixão pela arte de educar. Paixão por aprender. Com amor, tudo fica mais leve.' Veja mais informações
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