Como falar de dinheiro com meus filhos
Dicas de educação financeira com crianças começam cedo. Na escola e em casa. Mas como começar? Com mesada?
Por Aline Oliveira, publicado em 06/07/2020.Educação financeira infantil é um assunto cada vez mais em alta. Nas escolas e nas nossas casas. Você sabe como falar de dinheiro com os seus filhos? Consultei uma especialista no assunto e reunimos dicas valiosas aqui neste artigo. Tem dicas de educação financeira para crianças. Tem dicas sobre mesadas! Quando eu posso começar a dar uma mesada para o meu filho? Mesada vale a pena? São dicas bem diretas e fundamentais para a nossa reflexão.
Tenho dois filhos. Minha filha de 7 anos tem aula de educação financeira na escola. E em casa nós já introduzimos o assunto. Acho muito importante mostrar, desde já, que só conseguimos uma boa economia quando temos esforço. Quer comprar figurinhas a ou um brinquedinho? Ok. Guarde aquele dinheirinho que a sua vovó te deu. Tome aqui essa moeda. Faça as contas. Deixe no porquinho. Com paciência e resiliência, vamos ensinando nossos filhos sobre poupança e planejamento.
Mas chega de introdução. E vamos com as dicas da Luciana Ikedo, assessora de investimentos e especialista em finanças.
Luciana Ikedo - Aprender a lidar com o dinheiro é uma atividade que deve começar cedo. A partir dos três anos de idade já é possível ensinar aos pequenos noções básicas sobre o valor e a importância do dinheiro. É importante, por exemplo, mostrar às crianças de onde vem o dinheiro da família, que ele é fruto de muito trabalho e, por isso, deve ser economizado e gasto com muita sabedoria e cautela. Muitos pais evitam, inclusive, levar as crianças às compras, mas, este é um momento importante e que, se partilhado, pode ser muito bem aproveitado.
Luciana Ikedo - O principal erro, na minha opinião, é não falar sobre dinheiro. Muitas vezes os pais omitem a situação financeira ruim e têm dificuldade em dizer não para os filhos, endividando-se ou utilizando parte das reservas essenciais para satisfazer os desejos e vontades das crianças. Outra situação muito comum é o contrário. Os pais têm uma boa condição financeira, e fazem com que tudo pareça muito fácil, optando por transmitir a sensação de escassez e não de prosperidade, boa gestão dos recursos e abundância.
Luciana Ikedo - O primeiro passo de uma gestão financeira pessoal eficiente é o controle e, sem seguida, a gestão orçamentária. A mesada ou semanada é um importante instrumento para que a criança aprenda a lidar com esses dois pontos cruciais para uma vida próspera fazendo bom uso dos recursos financeiros. A partir do momento em que a criança já entenda a monetização e esteja familiarizada com as cédulas, normalmente por volta dos sete ou oito anos de idade, já é possível programar a mesada com um valor adequado à realidade da criança e ao orçamento familiar. É importante que a criança seja estimulada a refletir sobre os seus gastos pessoais e se a compra faz realmente sentido.
Luciana Ikedo - Começar desde muito cedo a refletir sobre o futuro dos filhos e a educação dos mesmos é essencial. Quanto antes esse processo tiver início, menor será o esforço mensal. A previdência privada é uma das alternativas, que possui diversos benefícios como a elisão fiscal no caso de declaração completa de imposto de renda, blindagem patrimonial e menor alíquota de imposto de renda quando feita para o prazo superior a 10 anos. Além desse produto, existem outros que também podem ser feitos em nome das crianças. Se antes o mais comum era uma previdência privada ou uma caderneta de poupança, hoje os pequenos investidores já podem ter conta nas corretoras e ter uma carteira de ações de boas ações, pagadoras de dividendos e que podem se valorizar muito ao longo do tempo.
Tem alguma pegadinha com esses planos de previdência? E quem prefere deixar na poupança?
Luciana Ikedo - O maior cuidado que se deve tomar com os planos de previdência é com a taxa de administração, as taxas de carregamento de entrada e de saída e também com o fundo escolhido. A poupança possui rentabilidade atrelada à Selic, que é referência de juros básicos no país, e que atualmente está na mínima histórica, a 2,25% ao ano. A poupança rende 70% da Selic, ou seja, 1,58% ao ano. É sempre importante lembrar que esta é remuneração nominal e que dela ainda deve ser descontada a inflação para que então se obtenha a taxa de juros real. Se a inflação for maior que 1,58% ao ano teremos então os juros negativos. Para aqueles que querem ver os recursos rendendo e sendo bem investindo, valendo-se positivamente dos juros compostos e de investimentos mais rentáveis, a poupança não é uma opção.
Luciana Ikedo - A conta em banco e em corretora já podem ser criadas a partir do momento em que a criança já tenha CPF, mas a partir dos 12 anos, é muito adequado que os adolescentes se familiarizem com os produtos financeiros, como a conta corrente, cartão de crédito e de débito. É sempre importante lembrar que num curto período de tempo o adolescente alçará novos voos, podendo estudar numa cidade diferente dos pais, fazer um intercâmbio em outro país ou ainda ter uma atividade remunerada.
Sobre a Luciana Ikedo, ela é assessora de investimentos e especialista em finanças, com mais de 20 anos de experiência e certificações CFP® e CPA 20. É também sócia-fundadora do escritório Ikedo Investimentos. Administradora por formação, aprofundou conhecimentos com MBA Internacional em Gestão Empresarial pela FGV, em International Strategic Business Leadership Paths to the Future da Universidade de Ohio e com MBA em International Business Immersion, cursado na Universidade de Tampa, Flórida. Obrigada de coração, Luciana. E até a próxima, gente ;)
meu contato é aline@ospaparazzi.com.br
Tenho dois filhos. Minha filha de 7 anos tem aula de educação financeira na escola. E em casa nós já introduzimos o assunto. Acho muito importante mostrar, desde já, que só conseguimos uma boa economia quando temos esforço. Quer comprar figurinhas a ou um brinquedinho? Ok. Guarde aquele dinheirinho que a sua vovó te deu. Tome aqui essa moeda. Faça as contas. Deixe no porquinho. Com paciência e resiliência, vamos ensinando nossos filhos sobre poupança e planejamento.
Mas chega de introdução. E vamos com as dicas da Luciana Ikedo, assessora de investimentos e especialista em finanças.
Falando de dinheiro com os filhos
Hoje em dia o tema educação financeira está mais presente nas escolas. Inclusive na educação infantil. Existe hora certa para começar a falar sobre dinheiro com as crianças? Quais são as dicas para este início?Luciana Ikedo - Aprender a lidar com o dinheiro é uma atividade que deve começar cedo. A partir dos três anos de idade já é possível ensinar aos pequenos noções básicas sobre o valor e a importância do dinheiro. É importante, por exemplo, mostrar às crianças de onde vem o dinheiro da família, que ele é fruto de muito trabalho e, por isso, deve ser economizado e gasto com muita sabedoria e cautela. Muitos pais evitam, inclusive, levar as crianças às compras, mas, este é um momento importante e que, se partilhado, pode ser muito bem aproveitado.
Erros que pais cometem
Quais seriam os principais erros que os pais podem cometer neste período inicial?Luciana Ikedo - O principal erro, na minha opinião, é não falar sobre dinheiro. Muitas vezes os pais omitem a situação financeira ruim e têm dificuldade em dizer não para os filhos, endividando-se ou utilizando parte das reservas essenciais para satisfazer os desejos e vontades das crianças. Outra situação muito comum é o contrário. Os pais têm uma boa condição financeira, e fazem com que tudo pareça muito fácil, optando por transmitir a sensação de escassez e não de prosperidade, boa gestão dos recursos e abundância.
'Outro erro muito comum é limitar-se ao cofrinho e ensinar um ciclo financeiro voltado para o consumismo: desejo algo, acumulo, gasto integralmente o valor e recomeço',
conta a especialista.
Mesada para crianças
Dar mesada ou não dar mesada? A partir de qual idade?Luciana Ikedo - O primeiro passo de uma gestão financeira pessoal eficiente é o controle e, sem seguida, a gestão orçamentária. A mesada ou semanada é um importante instrumento para que a criança aprenda a lidar com esses dois pontos cruciais para uma vida próspera fazendo bom uso dos recursos financeiros. A partir do momento em que a criança já entenda a monetização e esteja familiarizada com as cédulas, normalmente por volta dos sete ou oito anos de idade, já é possível programar a mesada com um valor adequado à realidade da criança e ao orçamento familiar. É importante que a criança seja estimulada a refletir sobre os seus gastos pessoais e se a compra faz realmente sentido.
'Certa vez nossa caçula Fernanda, de 11 anos, e apaixonada por itens de papelaria pediu para ir às compras utilizando o dinheiro dela. Fomos na loja e ela escolheu diversos itens. Quando chegamos ao caixa, ela criticou item a item, e percebeu que a borracha que tinha em casa ainda estava boa, que não precisava de um segundo caderno e que a caneta era muito cara só porque tinha um visual legal. Decidiu então devolver tudo. Expliquei a pessoa da loja que ela estava em fase de alfabetização financeira e que naquele dia não levaríamos nada. Agradeci o atendimento e fomos embora sem nenhum desembolso', contou a Luciana.
Faço previdência privada para os meus filhos?
Pensando no futuro dos filhos. A ideia da previdência privada para as crianças pode ser uma boa? Seria pensar hoje na faculdade que está lá na frente? Qual seria o melhor investimento neste sentido?Luciana Ikedo - Começar desde muito cedo a refletir sobre o futuro dos filhos e a educação dos mesmos é essencial. Quanto antes esse processo tiver início, menor será o esforço mensal. A previdência privada é uma das alternativas, que possui diversos benefícios como a elisão fiscal no caso de declaração completa de imposto de renda, blindagem patrimonial e menor alíquota de imposto de renda quando feita para o prazo superior a 10 anos. Além desse produto, existem outros que também podem ser feitos em nome das crianças. Se antes o mais comum era uma previdência privada ou uma caderneta de poupança, hoje os pequenos investidores já podem ter conta nas corretoras e ter uma carteira de ações de boas ações, pagadoras de dividendos e que podem se valorizar muito ao longo do tempo.
Tem alguma pegadinha com esses planos de previdência? E quem prefere deixar na poupança?
Luciana Ikedo - O maior cuidado que se deve tomar com os planos de previdência é com a taxa de administração, as taxas de carregamento de entrada e de saída e também com o fundo escolhido. A poupança possui rentabilidade atrelada à Selic, que é referência de juros básicos no país, e que atualmente está na mínima histórica, a 2,25% ao ano. A poupança rende 70% da Selic, ou seja, 1,58% ao ano. É sempre importante lembrar que esta é remuneração nominal e que dela ainda deve ser descontada a inflação para que então se obtenha a taxa de juros real. Se a inflação for maior que 1,58% ao ano teremos então os juros negativos. Para aqueles que querem ver os recursos rendendo e sendo bem investindo, valendo-se positivamente dos juros compostos e de investimentos mais rentáveis, a poupança não é uma opção.
Quando criar conta em banco para os filhos?
Existe momento certo para criar uma conta em banco para um adolescente? Acha interessante? Ou qual seria uma melhor recomendação para essa fase?Luciana Ikedo - A conta em banco e em corretora já podem ser criadas a partir do momento em que a criança já tenha CPF, mas a partir dos 12 anos, é muito adequado que os adolescentes se familiarizem com os produtos financeiros, como a conta corrente, cartão de crédito e de débito. É sempre importante lembrar que num curto período de tempo o adolescente alçará novos voos, podendo estudar numa cidade diferente dos pais, fazer um intercâmbio em outro país ou ainda ter uma atividade remunerada.
Recados finais de educação financeira
Gente, é isso. Espero que tenham gostado das dicas sobre como falar de dinheiro com os nossos filhos. O espaço abaixo é aberto para comentários. Se alguém tiver alguma dúvida, posso falar de novo com a Luciana. Combinado? Aqui no espaço para Pais e Filhos eu continuo escrevendo para papais e mamães nessa nossa luta diária da Educação.Sobre a Luciana Ikedo, ela é assessora de investimentos e especialista em finanças, com mais de 20 anos de experiência e certificações CFP® e CPA 20. É também sócia-fundadora do escritório Ikedo Investimentos. Administradora por formação, aprofundou conhecimentos com MBA Internacional em Gestão Empresarial pela FGV, em International Strategic Business Leadership Paths to the Future da Universidade de Ohio e com MBA em International Business Immersion, cursado na Universidade de Tampa, Flórida. Obrigada de coração, Luciana. E até a próxima, gente ;)
meu contato é aline@ospaparazzi.com.br