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Reprodução/ YouTube

Quem é Julia Rezende. Conheça filmes em biografia

Ouça entrevista com a cineasta Julia Rezende; relembre melhores filmes da carreira e descubra quais são as características dos seus filmes

Por Silas Pereira, publicado em 10/09/2020 e atualizado hoje.

Julia Rezende está em OsPaparazzi. Ouça a seguir esta entrevista que apresenta a biografia de Julia Rezende: melhores filmes da carreira, quais são as características dos seus filmes, quais filmes está assistindo e quais são os novos filmes que estão por vir. A cineasta, filha do diretor de cinema Sérgio Rezende e da produtora de cinema Mariza Leão, precisou adiar em 2020 o lançamento do longa Depois A Louca Sou Eu por causa da quarentena com cinemas fechados. Ela é responsável por projetos que quebraram recordes de bilheteria, como De Pernas Pro Ar e Meu Passado Me Condena. Acompanhe a entrevista e a biografia (ouça abaixo no Papacast).

Quem é Julia Rezende

A data de nascimento é 27 de março de 1986. É natural do Rio de Janeiro. Filha de peixe, vocês sabem. Seguiu os passos do pai Sérgio Rezende. E da mãe, produtora de filmes, Mariza Leão. A formação tem faculdade de história na PUC do Rio. Além de estudar cinema e roteiro na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

Na entrevista a seguir, Julia Rezende conta que passou a infância curtindo férias escolas nos sets de filmagens dos pais. Respira cinema desde sempre. O início da carreira foi como assistente em filmes, já aos 18 anos de idade, como em Zuzu Angel. Na vida pessoal, foi casada com o ator Sílvio Guindane.

'Com 18 anos já era estagiária, fui ser assistente de direção. Comecei a fazer curta com amigos. Depois comecei a dirigir algumas séries de televisão para o Multishow. E aí em 2013 eu rodei o Meu Passado Me Condena, que foi meu primeiro longa', contou Julia a OsPaparazzi.

Entrevista com Julia Rezende

Curta-metragem Nesta Data Querida (2009)

Júlia Rezende: Nesta Data Querida é a adaptação de um conto da Martha Medeiros. Li e adorei o conto. Achei que era uma história sensível, delicada e simples de produzir. Foi meu primeiro curta de ficção. Uma experiência super importante na minha formação como diretora. Foi uma oportunidade de experimentar, de aprender, de estar junto com uma equipe da minha geração e todo mundo criando juntos. Mas nunca vivi nenhuma situação parecida com a do conto, não.

Nesta Data Querida é um premiado curta-metragem (premiado no Festival de Cinema de Paulínea) que conta a história de uma garotinha que espera os convidados para a sua festa de aniversário, mas eles demoram muito para aparecer. É possível assistir na íntegra no Vimeo.

Filmes Meu Passado Me Condena

Júlia Rezende: O Meu Passado Me Condena começou como um projeto com a Tati Bernardi. Eu adorava os textos dela. Era uma leitora dela. Eu a procurei e falei: vamos criar alguma coisa juntas. Ela tem uma forma de escrever sobre relacionamentos que eu achava muito bacana. Com humor e ao mesmo tempo muita sensibilidade. E aí desenvolvemos essa história. Um casal que se conhece e em menos de um mês se casam. E na lua de mel na verdade vão descobrir que não sabem nada um do outro. Ali que eles vão descobrir o passado deles. As histórias de amor que tiveram antes. É um filme que tem uma temática muito universal. Provoca muita identificação das pessoas. Fabio Porchat e Miá Mello brilham. Acharam um tom de humor muito bom, sem grosseria.

'É um filme que as crianças gostam. Um filme que encontra uma plateia muito ampla. E também é romântico, doce, tem pureza, ingenuidade naquele casal. O sucesso dele vem um pouco dessa mistura de elementos que tornam ele bem aberto para o espectador', disse Julia Rezende sobre Meu Passado Me Condena.

Meu Passado Me Condena (2013) foi a terceira maior bilheteria do cinema nacional no ano, com mais de 3 milhões de ingressos vendidos nos cinemas do Brasil. Meu Passado Me Condena 2 (2015) também foi sucesso de bilheteria.

Filme Ponte Aérea

Júlia Rezende: O Ponte Aérea é um filme que trata de um casal que está namorando à distância, entre as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Ela é uma mulher bem sucedida, que trabalha muito. Ele um carioca ainda entendendo o que quer fazer da vida. Ao mesmo tempo tem o pai doente. Descobre um novo irmão. Então vivem momentos bem diversos. Mas se apaixonam. Vivem uma história intensa, bonita. Marcada pela distância entre as duas cidades. Veio do conceito do amor líquido, ideia do Baumam (filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman). A geração vivendo muito o imediatismo. Não querer enfrentar as dificuldades, não querer insistir quando a coisa começa a ficar complicada. Personagem do Bruno é um cara que na hora que a relação começa a ser desafiadora, ele pula fora.

'Talvez seja o meu filme mais pessoal. Porque tem muito do meu olhar. De coisas que sinto e observo ao meu redor. A atriz Letícia Colin se tornou uma grande amiga. Tenho um projeto novo que vamos filmar juntas. Uma atriz que acho gigante, maravilhosa. Ponte Aérea é um filme que tenho muito orgulho dele', contou Júlia Rezende.

Caio Blat e Letícia Colin receberam elogios de público e crítica com o filme Ponte Aérea, que entrou para o catálogo da Netflix.

De Pernas Pro Ar 3

Júlia Rezende: Eu fui assistente de direção no De Pernas Pro Ar 1 e no 2. Santucci (Roberto Santucci) era o diretor. Quando veio o convite para o De Pernas Pro Ar 3 (2018), foi uma surpresa. Já tinha gravado com a Ingrid Guimarães no filme Um Namorado Para Minha Mulher, longa de 2015. Foi um desafio entrar num projeto que já existia, tinha uma história. Projeto com grande expectativa por parte do público, da imprensa, então foi bem desafiador. A gente decidiu se aprofundar em questões do feminismo. Temos uma personagem jovem, feito pela Samya Pascotto (Leona). Ela consegue perceber coisas que a Alice ainda não se dá conta de maneira clara. Acho que o filme de fato deixa algumas reflexões para quem assiste. Teve outro desafio bacana que foi rodar uma semana em Paris, na França. Foi um sonho, foi maravilhoso. E ao mesmo tempo um desafio para todos. Muitas locações, deslocamentos. Toda equipe se organizou bastante e acho que o resultado ficou lindo.

'Alice, apesar de ser bem sucedida, empoderada, dona de uma rede de sexy shop, que rompeu preconceitos, ainda caía no lugar de competição com outras mulheres. Achar que uma mulher jovem vai tomar o lugar dela, por exemplo. Leona vem fazer esse contraponto', comentou sobre De Pernas Pro Ar 3.

Características dos filmes de Julia Rezende no cinema nacional

Júlia Rezende: Muitos dos meus filmes têm humor. Acredito que a comédia é uma forma muito interessante da gente discutir o mundo. Uma lente para ver as questões do mundo. Seja para falar de relacionamentos amorosos, falar de política, fazer crítica social. Humor é uma lente que aproxima as pessoas. É uma marca um pouco do meu trabalho. Outra coisa que está sempre permeando o meu trabalho é tentar trazer um olhar de sensibilidade, de delicadeza para as relações afetivas. Assim como o cuidado muito grande na direção de atores. Eu sou diretora de cinema para poder trabalhar com os atores.

'Os atores são pessoas que tenho a maior admiração, pela entrega ao trabalho, pela dedicação, por dar vida para aquilo que está no papel. São marcas um pouco do que eu tenho buscado fazer', contou.

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Origem da família respirando cinema

Júlia Rezende: Eu cresci numa família de cineastas. Meu pai diretor. Minha mãe produtora. Desde criança as minhas férias escolares sempre foram nas filmagens, sempre foram viajando para os sets deles. E eu adorava. Essa possibilidade de invenção. De repente via meu pai em casa escrevendo na máquina de escrever uma história. E chegava lá e tinha uma cidade construída. Guerra de Canudos. Explode uma igreja, milhões de figurantes, mil casas construídas. Imaginar algo e aquilo se concretizar é muito incrível. Essa é a possibilidade do cinema. Cresci nesse universo. Depois fui uma adolescente muito cinéfila, fazia maratona de filmes, frequentava festival de cinema no Rio. Fui estudar roteiro na escola Darcy Ribeiro de cinema. Passei um ano lá estudando roteiro. E comecei a trabalhar muito jovem.

Julia Rezende e o pai Sérgio Rezende em entrevistaFoto: Reprodução/ YouTube

Opinião sobre TV, TV paga e streaming

Júlia Rezende: Eu nunca dirigi para televisão aberta. Minhas experiências com TV sempre foram canais a cabo. Multishow e depois streaming com Netflix - com Coisa Mais Linda. Não sei como é fazer um produto que vai atingir milhões de pessoas de uma vez como é a TV aberta. Ainda não vivi isso. Mas acho que streaming é um ambiente de liberdade criativa. A gente tem possibilidade de trazer assuntos que muitas vezes não seriam abordados na TV tradicional, cabo ou aberta. Então acho que o streaming é um caminho cada vez mais interessante. Mas minha experiência de um modo geral foi no cinema mesmo.

Arte sobre filme de Julia Rezende - Depois A Louca Sou EuFoto: Reprodução/ YouTube

Opinião sobre o Brasil no Oscar 2021 e o cinema nacional

Júlia Rezende: Brasil vem trazendo muitos prêmios em festivais internacionais. Acho que temos conseguido ocupar mais espaço. Oscar fica sempre sendo um sonho nacional. Vamos ver. Acho que fomos bem representados pela Petra Costa. Democracia em Vertigem. Fico torcendo. Mostrou um pouco da diversidade do doc do cinema brasileiro. A gente produz muitos gêneros, temos muitas histórias para contar. Isso nos fortalece como indústria. Então estou aqui torcendo.

Novos filmes de Julia Rezende

Júlia Rezende: Eu tenho para lançar o filme Depois A Louca Sou Eu, longa adaptado do livro da Tati Bernardi. É a história de uma mulher que tem crises de pânico e ansiedade desde a infância. Passa a vida para sobreviver a si mesma. E essa angústia que ela não entende o que é. Deborah Falabella está espetacular no elenco. Trata de um assunto sério. Mas com o humor característico da Tati Bernardi. Humor que consegue rir de si mesma, expõe dificuldades. Fazer graça com o que a gente esconde. Então provoca muita identificação. Pessoas se reconhecem na personagem. Ia estrear abril de 2020 nos cinemas. Mas com a pandemia, ainda não sabe. Paralelo a isso, tenho outro filme - 'A Porta Ao Lado', com Letícia Colin e Barbara Paz. Uma história contemporânea para falar de relacionamentos. É um projeto pessoal, um filme que estou com o coração todo nele. E tem outros projetos, outros roteiros, mas aí ficam para 2021.

Assista abaixo ao trailer de Depois A Louca Sou Eu.

Dicas de séries para assistir

Júlia Rezende: Na pandemia tenho assistido muitas séries. Algumas das que mais gostei, vamos lá. Posso indicar a série 'A Amiga Genial'. É uma adaptação do livro da Elena Ferrante na HBO. Adaptação brilhante, muito cuidadosa, uma super produção. Elenco impecável. Tem também a série 'Dix pour cent', comédia francesa sobre agência de talentos. Muito divertida, leve, aquele sotaque francês maravilhoso. Está na Netflix. E ainda a série 'I May Destroy You', escrita e protagonizada por uma atriz maravilhosa (Michaela Coel). Série que aborda um assunto delicado com humor. E, por fim, a série 'Olhos Que Condenam', série pesada, densa e essencial. Muito tocante. E filmes tenho visto alguns. Mas agora acho que estou mais focada nas séries mesmo.

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Publicado Por Silas Pereira
Jornalista e copywriter, Silas Pereira coleciona boas histórias para contar. Na área do entretenimento, joga no Cinema Nacional Futebol Clube. Estuda produções audiovisuais nacionais e abre debate com seus autores e realizadores. Para contato, siga @silaspereira no Twitter
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