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Reprodução/ YouTube

Marcos Piangers, O Papai É Pop, dá dicas em entrevista

Falamos com o escritor e jornalista Marcos Piangers, papai de duas filhas e especialista no assunto crianças

Por Silas Pereira, publicado em 06/09/2017.
Marcos Piangers conquistou a posição de especialista quando o assunto é paternidade no Brasil. Natural de Florianópolis, Marcos Daniel Piangers Barros, 37 anos, é casado com Ana Emilia e tem duas filhas, Anita e Aurora. Hoje repórter do Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo, Piangers faz sucesso por inspirar papais e mamães com a criação de seus filhos. O livro “O Papai É Pop” chegou à lista dos mais vendidos do país, ganhando novas edições. As palestras motivacionais se multiplicaram. E, no YouTube, é possível assistir a uma série de vídeos motivadores de Marcos Piangers com milhares de curtidas e compartilhamentos.

Em entrevista exclusiva a OsPaparazzi, Marcos Piangers nega qualquer tipo de pretensão para se tornar a maior autoridade do Brasil quando o assunto é ser pai. Ele também deixa dicas para papais de primeira viagem. Além de dicas para mães solteiras. Filho de mãe solteira, após o abandono do pai ainda na infância, Piangers fala com propriedade sobre o assunto. E também explica como conversa sobre a existência do vovô quando está com as filhas Anita e Aurora.
Falamos com o Papai Pop, Marcos PiangersFoto: Reprodução/ YouTube
Será que as filhas de Marcos Piangers assistem televisão? Qual é o tipo de educação que ele acredita ser a mais eficiente e que procura passar para suas filhas diariamente? Essas e outras curiosidades você confere na entrevista abaixo. Papais e mamães, aproveitem! É hora de nos inspirarmos com as palavras do Papai Pop Marcos Piangers...

OsPaparazzi - Com o sucesso dos seus livros, das suas palestras, aparições na TV, vídeos no YouTube, enfim, você se tornou um modelo de um pai moderno e que está no caminho certo. Virou uma referência. Dá um certo medo dessa responsabilidade com a criação de seus filhos? Tanto por parte dos seus filhos, que pensam: 'meu pai nunca pode errar, ele é um modelo', quanto também por parte do público: 'nossa, o filho dele errou, mas ele é o pai modelo e etc'.
Piangers com as filhas no Encontro com Fátima BernardesFoto: TV Globo/ Divulgação
Marcos Piangers - Dá um certo medo, sim. Tenho muita insegurança de expôr as minhas meninas, que são as coisas mais importantes da minha vida. As coisas mais preciosas que eu tenho. Ao mesmo tempo eu recebo tantas mensagens de pais, mães e filhos que foram transformados pelas histórias dos livros, vídeos, textos, enfim, essa coisa faz com que toda essa insegurança possa valer a pena. A combinação com as minhas filhas é que cada vez mais, gradativamente, possamos passar a bola para outros pais. Eu não tenho nenhuma intenção de ser a maior autoridade do Brasil na questão de pai, paternidade e criação dos filhos. Eu aprendo todos os dias com outros pais que me mandam histórias. E isso faz com que esse processo seja menos doloroso, menos trabalhoso, menos doído. Porque a gente não nasce sabendo criar os filhos. A gente aprende fazendo. E muitas vezes é solitário, cansativo e assustador. Então é importante compartilhar experiências a respeito.

OsPaparazzi - No seu livro e nos seus vídeos, você fala muito que estamos vivendo numa geração que teremos os melhores pais de todos os tempos. Isso porque os pais do passado eram muito tradicionais, se preocupavam muito com o trabalho. E, de uma forma geral, esse quadro hoje vem mudando, com pais bem mais atenciosos com seus filhos. Você acredita que o resultado dessa mudança será uma geração melhor para o nosso futuro?

Marcos Piangers – Somos uma geração mais atenciosa, que está descobrindo novos caminhos para ficar mais perto dos filhos. Temos informações, pesquisas científicas, mostrando que a presença do pai é fundamental na vida do filho, na segurança emocional, no preparo dele com relação à socidade. Então isso é muito especial, ver uma geração que participa mais, que busca informação e que encontra realização nessa participação. Então eu fico satisfeito, mas acho que ainda temos um longo caminho pela frente. Somos, sim, a geração de pais mais atenciosos. A geração mais atenta e participativa. Mas ainda tem um longo caminho. O Brasil tem 20 milhões de mães solteiras. Tem 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento.
Marcos Piangers e as filhasFoto: Divulgação
OsPaparazzi - Muito tem se falado também que os filhos de hoje em dia acabam sendo paparicados e mimados em excesso por nós, “papais babões”. O que precisamos fazer para que os filhos de hoje não sejam inseguros e dependentes demais amanhã?

Marcos Piangers – O maior erro da nossa geração é migrar de uma geração anterior que foi muito austera, muito dura, muito distante, para uma outra geração que é muito participativa no sentido de que não dá autonomia para o filho. O segredo é a gente trabalhar o equilíbrio entre firmeza e gentileza. Ter o entendimento de que o filho tem que ter autonomia. Hoje em dia temos diversas linhas de filosofia educacional que ajudam a dar autonomia para as crianças. Crianças são mais autônomas quando podem escolher sua roupa, organizar seu quarto e há muitas filosofias educacionais ligadas a isso. Então acho que o maior perigo que a gente pode correr nessa geração é, de fato, se tornar dispensável para os nossos filhos e, pior ainda, substituir nossa ausência por presentes, por bens materiais, o que nunca ajudou na educação de ninguém.

OsPaparazzi – Para os leitores papais de primeira viagem: explique o quanto a sua vida mudou desde que descobriu que seria pai.

Marcos Piangers – Você que está sendo pai pela primeira vez: a sua rotina vai mudar. É muito importante que você se dedique a buscar tempo para participar da vida do seu filho e da sua esposa. Sem dúvida essa mudança de rotina estremece o casamento. É importante ficar atento a isso. Mas principalmente ficar atento a sua criança, aos sinais que ele passa no que diz respeito à criação, ao afeto, ao amor, ao carinho, à necessidade de você estar por perto. Então é importante que você tenha tempo para estar perto do seu filho, aprendendo com ele, trocando experiências, para que ele seja uma pessoa mais preparada pro futuro e pro mundo. Se for possível, deixar um filho preparado para o mundo... acho que é incrível. E deixar um mundo melhor pro seu filho, acho que também é um papel do pai.

OsPaparazzi – Mas e os pontos negativos da paternidade? Podemos falar dessa forma? Parece uma pergunta pesada, mas só queria com essa pergunta que você falasse sobre as dificuldades, as dores de cabeça, enfim, mostrando um pouco esse lado diferente.

Marcos Piangers – Sem dúvida nenhuma a sua rotina muda. Sua relação com a sua esposa muda. Você vai ter menos tempo para curtir a sua esposa. Você vai ter menos tempo para se decicar ao trabalho. Menos tempo para dormir. O tempo é o maior desafio. E é muito importante que, nesses primeiros meses, você passe muito tempo com seu filho. Por isso que eu defendo que a licença-paternidade deveria ser maior. Em países desenvolvidos ela chega a quase 480 dias, mais de um ano. Imagina mais de um ano você poder tranquilamente cuidar do seu filho, ganhando 80% do seu salário, e participando desses momentos especiais? É muito importante também para o homem se descontruir como simplesmente um pagador de contas. E se entender como um cuidador de crianças. Isso não é algo que a gente é muito incentivado. E paciência. Um grande desafio é termos paciência com as crianças. Elas pedem para repetir brincadeiras, repetir leituras de livros, repetir tudo. Paciência para não querer que as brincadeiras acabem, não querer colocar um ponto final em tudo. Essa nossa preocupação nos tira do momento com nossos filhos. Quando eles pedem “de novo”, eles dizem “te amo”, “eu quero você perto de mim, pai. Por mais tempo”.

OsPaparazzi – Qual foi o momento mais feliz da sua vida, na companhia dos seus filhos? Imagino que são muitos momentos. Mas se puder lembrar de um único, qual seria?

Marcos Piangers – Sem dúvida são muitos. Eu me lembro de estar muito feliz em viagens. Quando a gente viaja, isso significa que a gente vai estar junto por 24 horas. Vamos acordar juntos, dormir juntos, brincar juntos. São os dias mais felizes da minha vida. Todas as vezes que viajamos, passamos muito tempo juntos. Isso faz com que essas sejam as lembranças mais marcantes, os dias mais felizes da minha vida.

OsPaparazzi – Marcos, agora uma dica aos pais e mães que escutam os “especialistas de plantão” a cada minuto em rodas de conversa. “Ah, não pode dormir com o filho na cama; não pode dar achocolatado para a criança beber; você não acha que ela está com frio?; acho que isso que ele está sentindo é falta de ferro”. Enfim, quais são as suas respostas para esses “especialistas” e o que recomenda para quem sofre por isso?

Marcos Piangers – Importante ouvir opinião dos outros. Mas é mais importante ouvir o que o nosso filho nos passa. É importante que você perceba quando nosso filho está brigão. Quando está educado, bondoso, é o momento de ser mais gentil, mais amoroso. A disciplina positiva defende a ideia de que você tem que agir com firmeza e gentileza ao mesmo tempo. Porque a firmeza é sinal de que você valoriza aquela ação, valoriza aquela situação. E a gentileza é o sinal de que você valoriza aquela pessoa, o seu filho. Se você é muito firme e pouco gentil, você é grosseiro, abusivo. Se você é muito gentil e pouco firme, você é permissivo. Então essa capacidade de ser gentil e firme ao mesmo tempo. É uma capacidade de pais atentos. Aos especialistas de plantão, eu recomendo embasamento científico. Também recomendo uma start-up que estou envolvido chamada Bloomlab.
As filhas Anita e Aurora no YouTubeFoto: Reprodução/ YouTube
OsPaparazzi – Você não teve a presença de seu pai na infância. Vi uma palestra que você cita essa ausência. Como fala sobre esse assunto com seus filhos, que podem questionar pelo avô?

Marcos Piangers – Eu falo a verdade. Meu pai biológico não participou de minha criação. Mas ele existe, em outra cidade. Ele não quer participar. E nem seria justo que participasse agora. Porque minha mãe participou de toda fase difícil. Fica muito cômodo agora o vovô aparecer para ser o “vovô amigão”. Então a gente tenta respeitar muito minha mãe, respeitar tudo que ela fez por mim, respeitar minha esposa e muito as minhas filhas. Entender que a nossa narrativa é uma narrativa do ponto de vista delas, de valorização delas. E não de um pai que abandonou, que foi ausente e omisso. Como tantos pais no Brasil.

OsPaparazzi – Qual foi o feedback mais emocionante e marcante que você já recebeu de algum pai ou de alguma mãe durante suas palestras ou com o retorno pelos seus livros?

Marcos Piangers – É sempre emocionante receber história de homens que foram impactados pelos livros. Nesse último fim de semana, estava num hotel em que um cara olhou para mim e falou: “Você que é o autor do Papai é Pop? Você mudou minha vida. Eu toco numa banda de metal. Achava que quando a minha namorada engravidou, a minha vida ia acabar e que eu seria o pior pai do mundo. Porque eu nunca conheci um pai metaleiro. E o seu livro mostrou que a gente pode ser mais leve, mais divertido, interessante, criativo. Isso me ajudou muito”. Então quando alguém fala sobre meu livro, meu texto, eu fico muito emocionado. E muito emocionado também quando mães solteiras contam que o livro é uma espécie de ajuda para aguentar esse dia a dia difícil que é o dia a dia de uma mãe solteira.

OsPaparazzi – Sobre televisão, tablets, YouTube. Qual é a sua opinião sobre esses conteúdos para as crianças? Seus filhos assistem televisão numa boa?

Marcos Piangers – Não. A gente não tem TV aberta e não tem TV a cabo. A gente assiste pouquíssimo Netflix. Netflix é ótimo porque não tem publicidade. E a gente tenta sempre escolher os filmes mais legais, os desenhos mais maneiros. E assistir junto, né. A gente não gosta de terceirizar a edução, jogar na frente da televisão. E achar que isso é o suficiente. Também é papel do pai estar junto, conversando e discutindo.

OsPaparazzi – Como curiosidade aos pais que te admiram como o “Papai Pop”: como foi o seu último fim de semana com seus filhos? O que fizeram, como brincaram, como se divertiram?
Piangers em palestra motivacionalFoto: Reprodução/ YouTube
Marcos Piangers – A gente passou num hotel fazenda. Brincamos de piscina muito. Piscina é maravilhoso, pega-pega, cosquinha. As brincadeiras mais legais que temos são brincadeiras que inventamos. São aquelas que a gente ao longo do tempo descobriu que se diverte mais. São prazeirosas. Tem a nossa assinatura. A gente não compra jogos de tabuleiro. A gente cria as nossas brincadeiras. Tem uma brincadeira que se chama Reinado: eu subindo na cama, elas tentando me derrubar. Quando elas me derrubam, elas gritam “reinado”. É muito divertido, tem a nossa assinatura. Ao longo do tempo, vamos descobrindo brincadeiras próprias dessa dinâmica, que é a criação do seu filho.

OsPaparazzi – Para encerrar, gostaria que falasse sobre os seus projetos, se vem livro novo por aí, se já pensou em participar de um filme para contar a sua história, se tem novidade vindo por aí no Encontro, enfim, o espaço é aberto também para divulgarmos a programação das suas palestras, fique à vontade.

Marcos Piangers – O meu maior projeto é a possibilidade de passar mais tempo com as minhas filhas. Hoje em dia eu tenho feito muita palestra, muitos eventos e eu gostaria de dar uma desacelerada. Então acho que o meu maior projeto seria passar mais tempo com elas. E aí então pensar em mais projetos profissionais. Por enquanto, tá bom assim.

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Publicado Por Silas Pereira
Jornalista e copywriter, Silas Pereira coleciona boas histórias para contar. Na área do entretenimento, joga no Cinema Nacional Futebol Clube. Estuda produções audiovisuais nacionais e abre debate com seus autores e realizadores. Para contato, siga @silaspereira no Twitter
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