A Mula: Mensagem do filme baseado em fatos reais
Disponível na Netflix, The Mule - de Clint Eastwood - é um filme aclamado pela crítica. Por que vale a pena assistir?
Da Redação, publicado em 23/09/2025 e atualizado hoje.O filme A Mula, The Mule (2018), dirigido, produzido e estrelado por Clint Eastwood, dialoga com temas de moralidade, culpa, escolhas pessoais e envelhecimento. Está na Netflix. Na lista dos filmes aclamados pela crítica. Mas por que vale a pena assistir? Qual é a mensagem principal do longa? Aqui vamos explicar tudo isso.
Filme fala sobre o quê? Eastwood interpreta Earl Stone, um idoso com muitos anos de vida, talento horticultor e uma história pessoal marcada por prioridades que o afastaram da família. Acossado por dívidas e decisões ruins, Earl aceita entregar cargas para um cartel de drogas mexicano - iniciando um percurso que mistura crime, arrependimento, tentativa de reconciliação familiar e reflexão sobre os arrependimentos da vida.
Qual é o significado de A Mula? Essa é uma expressão para apresentar os motoristas que carregavam cargas de drogas para o cartel nos EUA.
Mensagem do filme A Mula
Redenção tardia - tentativa de reconciliação. O protagonista Earl consome grande parte da sua vida em trabalhos, obsessões, prioridades equivocadas e negligência afetiva. O filme mostra que nem tudo está perdido, mesmo na velhice — há espaço para remorso, para gestos de reconexão, para tentar reparar relacionamentos. Mas também mostra que certas perdas são difíceis de reverter.
Reflexão sobre o tempo, sobre o que deixamos pra trás. A velhice traz uma consciência forte do fim, do tempo que se foi, das oportunidades desperdiçadas. O filme lida com essa angústia: Earl observa os prejuízos que sua ambição e seu orgulho lhe trouxeram, especialmente na esfera pessoal. Ele planta flores, trabalha com natureza — metáforas de beleza passageira, de tempo que floresce e murcha.
O peso das escolhas pessoais. Não se trata simplesmente de circunstâncias externas. Earl toma decisões (aceitar o serviço de “mula”, negligenciar família, deixar de lado valores) que o colocam em rota de colisão com consequências graves. O filme mostra que, embora haja fatores externos — dificuldades financeiras, orgulho — as escolhas não são neutras.
A falha institucional e moral. Há também uma crítica implícita à forma como as pessoas “caem” em situações ilegais por necessidade ou desespero, mas igualmente como o sistema (família, sociedade, polícia) reage. O personagem da DEA, as autoridades, o cartel — tudo isso compõe um panorama complexo onde moral, ilegalidade, justiça pessoal e legal se encontram de modo ambíguo.
Sobre envelhecer, sobre legado. O que vai importar para nós quando estivermos no final da vida? O que deixamos: materialmente? Relacionamentos? Memória? O filme incentiva o público a pensar no que de fato importa — afinal, Earl, nos seus últimos anos, parece mais angustiado pelas perdas emocionais do que pelas perdas financeiras.
O filme é real? Essa história é baseada em fatos?
Sim! Leo Sharp nasceu em 1924, serviu na Segunda Guerra, ficou conhecido como horticultor, especializado em daylilies — plantas ornamentais. Com idade avançada, foi descoberto traficando cocaína para o cartel de Sinaloa. Ele foi preso em 2011. Há dados de que transportou mais de uma tonelada de drogas ao longo do tempo. Sua pena foi relativamente curta considerando idade e alegações de saúde mental/demência pelo advogado. Leo Sharp faleceu em 2016.
Por que assistir?
Porque temos Clint Eastwood já é uma grande justificativa. Além disso, temos um filme provocador. No estilo Breaking Bad - com o protagonista fazendo algo errado, mas você ainda torcendo por ele em alguns momentos.
A mensagem central do filme está na reflexão sobre o tempo e as escolhas pessoais. Eastwood conduz a história como uma espécie de meditação sobre envelhecimento e legado. Earl é um homem que priorizou o trabalho e a busca por reconhecimento, negligenciando relações afetivas. Quando a velhice escancara a finitude, ele percebe que as conquistas materiais pouco valem diante da distância da filha, da ex-mulher e da neta. O longa sugere que nunca é tarde para tentar reparar erros, mas mostra também que certas perdas não podem ser totalmente revertidas.