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Reprodução/ Globoplay

Coitada? Entenda por que Jodar levou puxão de orelha

Repórter Alessandro Jodar levou uma bronca de Ana Maria Braga, no Mais Você, depois de chamá-la de 'coitada'

Da Redação, publicado em 18/11/2025 e atualizado hoje.

A apresentadora Ana Maria Braga não deixou passar batido um comentário do jornalista esportivo Alessandro Jodar, que a chamou de “coitada” ao lamentar a derrota do Palmeiras para o Santos. A expressão, usada de forma aparentemente casual durante o ao vivo, irritou a palmeirense assumida - e rendeu um puxão de orelha ao vivo.

Jodar usou o termo para demonstrar empatia pela frustração da apresentadora com o resultado do clássico. Mas o que poderia parecer apenas uma forma de consolo acabou soando ofensivo. Isso porque, no imaginário popular, “coitada” carrega uma conotação de fragilidade, pena e inferioridade - adjetivos que muitas mulheres rejeitam fortemente, especialmente quando relacionados a sua competência, força emocional ou capacidade de enfrentar situações adversas.

Coitada? Ana Maria Braga se revoltou

A reação de Ana Maria escancarou um ponto importante: cada vez mais mulheres rejeitam expressões que, mesmo de forma involuntária, reforçam estereótipos de fragilidade feminina. Termos como “coitada”, “tadinha” ou “fraquinha” são vistos como formas sutis de desqualificação, que sugerem incapacidade e diminuem a autonomia das mulheres. A ofensa não está na palavra em si, mas no que ela historicamente carrega.

Ao corrigir Jodar, Ana Maria deu voz a um sentimento comum. Para muitas mulheres, ser chamada de “coitada” é ser colocada em um lugar que não lhes pertence — o da fragilidade infundada. O episódio gerou repercussão nas redes e reacendeu debates sobre linguagem, respeito e a necessidade de atenção redobrada a expressões que, ainda que ditas sem intenção ofensiva, perpetuam visões ultrapassadas.

Mais reflexões sobre a expressão coitada

A cultura do “ser coitada” funciona como uma armadilha leve e persistente: parece oferecer consolo ou atenção, mas na prática enquadra mulheres em um papel de fragilidade que limita escolhas, voz e agência. Essa narrativa — que aparece em comentários cotidianos, na mídia, em piadas e até em atos de gentileza mal orientados — mina o empoderamento porque transforma compaixão em condescendência e reduz histórias complexas a um rótulo simplista.

Linguagem e símbolos importam. Quando “coitada” vira resposta automática para frustrações, erros ou situações de vulnerabilidade, a mensagem implícita é que mulheres são naturalmente mais frágeis, menos competentes ou merecedoras de proteção paternalista. Isso corrói a autoestima e reforça expectativas sociais: espera-se que elas aceitem o cuidado, elogios paternalistas ou decisões tomadas por outros. No trabalho, na política ou nas relações pessoais, esse enquadramento dificulta ser levada a sério, negociar, liderar ou reivindicar direitos sem que a reação seja “ai, coitada” — como se qualquer luta fosse prova de incapacidade em vez de coragem.

As microagressões linguísticas acumulam efeitos concretos. Uma mulher que é rotulada como “coitada” com frequência pode internalizar dúvidas sobre sua eficácia, evitar se expor a desafios e recuar de oportunidades de liderança. Além disso, a normalização da pena dificulta o reconhecimento das causas reais que merecem solidariedade — como violência, discriminação ou sobrecarga — porque tudo vira um “coitadismo” generalizado que não transforma realidade nenhuma.

Mudar essa cultura passa por práticas concretas. Primeiro, atenção ao vocabulário — ensinar e aprender a não reduzir experiências humanas a termos que desvalorizam. Segundo, promover narrativas públicas que mostrem mulheres como protagonistas coletivas: liderando, tomando decisões e também errando sem que o erro signifique fragilidade. Terceiro, políticas e ambientes que reforcem autonomia (salários justos, acesso a cuidados, ambientes seguros) ajudam a desmontar a lógica de “precisa de pena” e substituí-la por reconhecimento de direitos.

Por fim, é importante distinguir empatia de condescendência. Solidariedade real amplifica voz e poder, oferece recursos e remove barreiras; pena rotuladora diminui.

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