Tradição marca trajetória da empresa Gadotti
Conheça Gadotti Car, da área de logística e soluções para movimentação de cargas e materiais. Faz rodar! Falamos com o empreendedor Vilmar Martins
Da Redação, publicado em 11/04/2021 e atualizado hoje.Ser empresário no Brasil é tarefa para herói. Já ouviu essa frase? Desafios econômicos, desafios tarifários, multiplicações de impostos. Nunca foi fácil. E é justamente por essa complexidade que se torna ainda mais interessante conhecer as histórias das empresas brasileiras. Como foram criadas? Qual é a história por trás dos produtos entregues?
A seguir apresentamos a história da Gadotti Car – Armazenamento e Transporte de Materiais. Uma história que começou muito antes da sua data de fundação, 5 de outubro de 1982. Gadotti é um sobrenome de família. E para contar a sua história, precisamos falar sobre pais, mães, avós e filhos.
História da empresa Gadotti Car
Origem alemã
O fundador da empresa não leva Gadotti no nome. Vilmar Martins nasceu em Criciúma, Santa Catarina, em 11 de abril de 1955 (faz aniversário na data da publicação desta reportagem). Desde criança, já trabalhava com o pai e o avô nas áreas de criação.
O pai, ferreiro, tinha uma metalúrgica em Santa Catarina. O avô também era ferreiro e artesão. Construía relógios gigantes de igreja na lima. No início da metalúrgica, não havia luz para o trabalho. Tudo era feito no logo. Soldas e mais soldas debaixo daquele calor que você pode imaginar.
“Meu avô, mesmo naquela época, já era um homem apaixonado por tecnologia. O relógio de igreja que ele fazia era impecável. Durava 50, 60 anos. Ali aprendia com ele sobre tecnologia alemã. Minha avó veio da Alemanha. E toda a família aprendeu muito sobre essa cultura”, relembra Vilmar.
Observava o pai construindo carro de boi, carroça e charrete – sempre com qualidade e segurança como pilares para o desenvolvimento dos trabalhos. E mais que isso: sustentabilidade. Palavra que aprendeu com a avó de origem alemã, Carolina Schmitz.
“Na Alemanha eles levam a sustentabilidade a sério desde sempre. Reciclagem, reaproveitamento. Jogou no lixo? Então paga. Reciclou no lixo? Então você ganha dinheiro. O governo te dá crédito para pagar IPVA, IPTU, ou seja, você ganha. Isso há 30 anos. Então nós trouxemos essa filosofia para as nossas empresas desde essa época”, comentou.
Vai fazer uma festa em casa no fim de semana? Então avise a prefeitura com antecedência. Porque eles precisam saber que você vai gerar mais lixo no período. E estarão preparados para a coleta e reciclagem.
Difícil imaginar essa cena aqui no Brasil, né? “Minha avó aproveitava até a casca do ovo. Fazia vitamina para dar para os animais. Trabalhava na plantação. E todo o resto de comida virava adubo. Não perdia uma gota de água da chuva. Tudo era aproveitado”, destacou Vilmar.
Um susto na entrevista
Estamos quase chegando à explicação para o nome Gadotti. Mas antes, durante a entrevista, este repórter pede a ajuda de Vilmar para conferir algumas fotos do início da empresa. Aí vem o susto. Há oito anos, Vilmar Martins ficou completamente cego. Perdeu toda a visão. Mas este assunto não o chateia nem de longe.
“Minha avó, quando eu tinha 5 anos de idade, ela se tornou cega. Então desde essa época eu já tenho experiência sobre ser cego. Ela me mostrou que a vida continuava mesmo com esse problema. E que havia estratégias para lidar com isso. Nem fico preocupado, não tenho depressão, nada, nada. Eu não costumo começar uma conversa falando: oi, eu sou cego. Não. Ajo naturalmente. Mas aí quando a pessoa descobre, como você agora, tudo bem. Falo sem problemas”, afirmou.
Vilmar não usa óculos escuros. Nem tem qualquer marca diferente nos olhos (esteticamente falando). Há 8 anos passou por uma cirurgia. O médico acreditava ser catarata. Mas não era. A cirurgia o deixou 100% cego, sem enxergar qualquer luz. Foi diagnosticado com glaucoma, uma doença no globo ocular.
“Minha alegria é continuar trabalhando. Com 66 anos de idade, cego, não importa. Ainda participo de todas as tomadas de decisões da empresa. Ainda me sinto muito útil e produtivo”, declarou Vilmar.
Significado Gadotti
Agora, sim, podemos explicar o significado do nome. Ele tem origem italiana. Mais especificamente na cidade de Trento, na Itália. Gadotti é o sobrenome da esposa de Vilmar e também sócia da empresa.
A então chamada Serralheria Gadotti Martins foi criada no Rio de Janeiro. Também com sede em Joinville. Anos depois a família se mudou para Extrema, em Minas Gerais, por causa da proximidade com São Paulo.
Com experiências em Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, Alemanha, Estados Unidos, entre outros países, Vilmar Martins se considera um “cariouco”.
“Foram muitos anos no Rio de Janeiro. Meu único filho (Eduardo) nasceu no Rio. E até costumo brincar: eu fui ser assaltado pela primeira vez na vida na Europa. No Rio eu sei andar e sei como a cidade funciona”.
Vilmar fala com orgulho sobre os estudos do filho Eduardo Gadotti. Tirava as melhores notas e tem formação profissional sólida. Após o problema da visão do pai, Eduardo assumiu a direção da Gadotti, corroborando a tradição empreendedora da família.
“Todas as decisões da Gadotti, o Eduardo sempre me procura para me ouvir. É a mistura da juventude com a experiência. Um robô que facilita a produção com tecnologia avança. E ao mesmo tempo o cuidado artesanal. É a continuidade da tradição da família. Tenho muito orgulho de relembrar a nossa história. De onde saímos e de onde chegamos hoje”, comentou o fundador da Gadotti Car.
Gadotti Car 2021
A Gadotti Car tem a missão de fornecer soluções para movimentação de cargas e materiais. Faz com que o trabalho pesado fique mais leve. A empresa fornece soluções para movimentação de cargas e materiais através de produtos com segurança, qualidade e durabilidade. Tornou-se referência nacional na área de logística.
Os carrinhos da Gadotti estão por todo Brasil em empresas, supermercados, hospitais, escolas, multinacionais, padarias, entre outros empreendimentos.
“Nós fazemos rodar! Quase tudo tem roda ou rodagem nos nossos produtos. Com aquela filosofia alemã que aprendemos na família. Segurança, qualidade, durabilidade, sustentabilidade. São carrinhos com as rodinhas que facilitam a vida dos nossos clientes. E dos clientes dos nossos clientes”, resumiu o fundador da Gadotti.
Um sonho?
Antes de encerrar nossa conversa, que durou 58 minutos cronometrados no celular, pergunto ao “Seu Gadotti” (como já foi muitas vezes chamado) qual é o seu maior sonho.
“Tenho um carro zero na garagem. Muita gente me pergunta por quê. Ele tá lá me esperando. Quem sabe um dia, não faço rodar também. A tecnologia já nos oferece óculos modernos, carros inteligentes. Eu gosto mesmo é de passar marcha, dirigir à moda antiga. Não sei... mas só tenho que agradecer mesmo. E o sonho é viver. Ver a família feliz, com saúde, crescendo. Ver a família trabalhando. Tem segredo, não”.
Não mesmo. A conversa de 58 minutos passou voando. Ou melhor: passou rodando. Quanta inspiração para aproveitarmos cada segundo da vida!
+ SanUV