Metaverso com crianças. Quando devo me preocupar?

O tema Metaverso ganhou os noticiários e também já virou pauta nas escolas. Pais e professores querem saber: como funciona o Metaverso com as crianças? Meus filhos já estão inseridos em games com Metaverso? Qual é o perigo disso? Devo me preocupar? Ouvi especialistas no assunto para responder a essas e outras perguntas. Reúno a seguir todas as informações que você precisa entender sobre essa realidade do futuro. E também deixo o espaço aberto para trocarmos opiniões e reflexões.

Entendendo o Metaverso com Crianças

Bem-vindos ao Metaverso Infantil. Mas o que é isso? Começamos com o significado do termo:

'Metaverso é a terminologia utilizada para destacar o mundo virtual sendo aplicado na realidade. Com as somas de realidade virtual, realidade aumentada, internet e 'mundo real'. Em resumo, é como se conectássemos o mundo físico ao mundo virtual. Boom! A mistura resulta no Metaverso'.

Mas por que as crianças estão inseridas neste assunto? Se os seus filhos brincam de jogos no celular, tablet ou computador, então, pronto, provavelmente eles já experimentam esse início de bate-papo sobre Metaverso.

Games infantis com Metaverso

Quais jogos fazem essa conexão? Estamos falando de games como Roblox, Fortnite, Minecraft, Toca Life World, entre tantos outros. Minha filha de 7 anos de idade, por exemplo, adora jogar Toca Life World (a ideia do jogo é a criança construir as próprias histórias e criar seu mundo virtual).

Quando está jogando Toca Life World, a criança se imagina dentro daquele mundo virtual. Em tempos de Halloween, por exemplo, é possível construir um salão de festas para receber os amigos para uma Festa de Dia das Bruxas. Ela brinca com as construções e decorações do mundo. E também com as construções das narrativas e suas histórias. 'Ah, fiz essa casa com os decorativos do Halloween e criei esses personagens aqui. Essa personagem sou eu, essa é fulana e essa é ciclana'.

Ah, mas como eu consigo os melhores resultados dentro desses games? Investindo dinheiro. Por exemplo: algumas construções e casas específicas você compra para jogar. E então entramos no mundo das moedas digitais, Wibx e um mergulho ainda maior da criança para aquele ambiente virtual.

Imaginar o Metaverso seria imaginar uma realidade virtual que seja 100% real para a criança. Ou seja, ela não saberia mais discernir o que é game e o que é a vida real. Uma compra no game seria como se estivesse comprando algo de verdade. E por aí vai...

Games populares são o prenúncio deste Metaverso. Até concluirmos a possibilidade de conectarmos o mundo físico ao virtual. Anderson Rocha, professor diretor do Instituto de Computação da Unicamp e do Laboratório de Inteligência Artificial Recod, concedeu entrevista ao jornal O Globo para falar sobre o assunto. Ele explicou:

'Existe uma vida física fora do digital. A conexão entre as duas seria o Metaverso. Óculos de realidade virtual, roupas com sensores tácteis e conexões de internet ultrarrápidas são ferramentas nesse sentido. Se o Metaverso existir, na escola, por exemplo, o aluno em casa teria a mesma experiência se estivesse na escola. As pessoas vão ver o aluno na sala de aula. Quando levantar a mão em casa e falar, todo mundo na escola vai ver e ouvi-lo como se estivesse ali ao lado', explicou.

Seria o fim da aula online? Ou o fim de homeschooling e home office com filhos? Quando começamos a estudar sobre este assunto, chegamos a nos assustar. Parece Matrix, sabe? É um negócio de maluco...

Conceitos do Metaverso e números dos games

O termo Metaverso apareceu pela primeira vez no noticiário em 1992. Foi no livro Snow Crash, de Neal Stephenson. Foi, inclusive, uma influência para o game Second Life, criado em 2003. Foi um grande sucesso com avatares 3D simulando uma vida real. Assim como The Sims. Empresas de games, como a Epic (Fortnite) e Roblox Corporation estão investindo milhões de dólares no desenvolvimento de mais e mais jogos.

Em agosto de 2021, por exemplo, o Roblox contava com 48 milhões de usuários ativos diariamente. O game foi criado em 2006. Sobre o Fortnite, aqui no Brasil a plataforma anunciou a contratação de Emicida como atração para aparecer no jogo. Mundo real e mundo virtual se misturando. Assim como Paris Hilton, que lançou o universo próprio no Roblox. O astro Snoop Dogg é a estrela do próprio jogo, o The Sandbox Game.

Também chama atenção os contratos publicitários que são gerados através dos jogos. Parcerias com marcas como Vans, Gucci, entre outras. Estou aqui tranquilo, jogando meu game, quando vem uma camiseta da Vans em destaque. Opa, vou comprar. Moeda digital. Pronto. Camiseta comprada. Sempre utilizando NFT (selo de propriedade e autenticidade de objetos) e blockchain (segurança das moedas e dos selos).

Metaverso: Presente ou futuro?

Segundo especialistas da área, ainda precisamos avançar muito para que seja crível a experiência do Metaverso. Porém não estamos falando de muitos anos para frente, não. O futuro está logo aí. Com carros voadores da Embraer. Com as realidades virtual e física se misturando. E com a evolução da tecnologia. No futuro próximo, os metaversos serão plataformas mais evoluídas e as pessoas sentirão mais segurança para lidar com uma economia não tradicional, como a moeda virtual.

Você sabia que Mark Zuckerberg anunciou investimento de 50 milhões de dólares na construção do Metaverso? Tem mais: o Facebook lançou o Horizon Workrooms, ideia de levar a realidade virtual para o home office. São movimentações que estamos acompanhando hoje para a transformação do amanhã. E as nossas crianças, os nossos filhos, vão encarar tudo isso com mais naturalidade do que a gente. Pode apostar!

Alerta para as crianças

Encerro este artigo com alertas importantes para Pais e Filhos no relacionamento com o mundo dos jogos infantis. Vamos lá:

Psicoterapeuta analisa questões sobre Metaverso

Entrevistei a psicoterapeuta transpessoal e hipnoterapeuta Fernanda Daniel, do 'Tanda Terapias'. Ela começa falando sobre o excesso de tempo das crianças com telas e games. E também sobre os tipos de games que as crianças estão utilizando.

'A escolha de tipos de jogos faz muita diferença na formação e desenvolvimento das crianças. A saúde mental, não só de crianças mas também de jovens e adultos, deve ser preservada e estimulada através de jogos com algumas importantes características, entre elas: jogos saudáveis, divertidos e educativos. Além disso, combinados e acordos devem ser feitos garantindo limites de horas dedicadas a aparelhos eletrônicos, mesclando a rotina diária de forma equilibrada com atividade física, estudos, descanso, interação social real e acesso à tecnologia / mundo virtual', explicou.

Sobre o Metaverso, ela acrescenta: 'Utilizado com moderação, é um convite para a ampliação da criatividade e expansão da consciência. Enxergar novas possibilidades pode engajar a novas descobertas. Inclusive, eu acredito que poderia ser uma ferramenta potente para ressignificar crenças e traumas psíquicos se aplicado para esta linha de saúde mental. No entanto, o equilíbrio é que pode trazer da tecnologia benefícios ou malefícios para a saúde mental, pois, na minha opinião, viver em excesso uma realidade mista pode ocasionar aumento de ansiedade, melancolia e até depressão por passarem a viver e desejar ter, ou ser, o irreal', destacou.

'Nada supera o prazer do abraço real, este pode-se sentir, pode confortar e acolher. Já no mundo virtual pode-se chegar bem perto do abraço, visualizá-lo, idealizá-lo e até mesmo tê-lo, mas dificilmente poderá se beneficiar da energia de um abraço real', disse Fernanda Daniel.

'A fuga da realidade pode ser a única saída ou lugar de conforto para alguns. Para outros, a tecnologia ou metaverso pode ser um caminho de descontração e ou fonte de criatividade. Quem sabe, poderia até ser uma ferramenta de cura emocional se direcionado programas neurocientíficos para este fim. Viver o irreal é empolgante, já viver o real é emocionante e gratificante. A união dos dois pode ser uma fonte imensa de prazer. Tudo é bom e transformador desde que usado com equilíbrio e consciência', concluiu a psicoterapeuta.

Disney investe em Metaverso

Em novembro de 2021, o CEO da Walt Disney Company, Bob Chapek, revelou que a companhia estava trabalhando num novo projeto de Metaverso que seria a extensão da Disney+ (Disney Plus). A ideia seria que os Parques da Walt Disney ganhassem essa junção entre o real e o virtual. 'Para que mundo físico e virtual possam interagir de forma que conectem e emocionem ainda mais pessoas através da magia dos nossos parques'.

Já pensou? Antes de viajar para os Parques da Disney em Orlando, por exemplo, você tem o App Disney Plus e consegue interagir com os mundos real e virtual através do app. O futuro está logo aí...

Startups investindo em Metaverso

O mercado das startus no Brasil também está de olho no Metaverso. O empreendedor Lucas Serrano, de Atibaia, explica que o Metaverso é um modelo de negócio explorado pela 'mobdec', startup da área de decoração e imóveis - 'a mobdec é uma startup de tecnologia aplicada ao universo de construção e decoração, levando facilidade e transformação para casas e apartamentos'. 'A mobdec surge para desafiar o mundo da decoração. Para transformar o seu lar de forma rápida, fácil e prazerosa. Somos o aplicativo que conecta o cliente com as melhores lojas de decoração, contando com a visualização do móvel em tempo real na sua casa pela câmera do celular. Essa visualização virtual é o primeiro passo que queremos dar no caminho do Metaverso. Com novas possibilidades ainda pela frente', analisou Serrano.

Opiniões e reflexões sobre Metaverso e os nossos filhos

Se você tem opiniões e reflexões sobre Metaverso e Crianças, escreva nos comentários abaixo. Juntos vamos nos informar mais e aprender mais para que possamos acertar com os nossos filhos. Certo? Conto com vocês! Obrigada ;)